sábado, 12 de julho de 2014

Paro num blog e penso. Como é possível descobrir tantas coisas de uma pessoa, sem que ela saiba. É mesmo uma afirmação. O início do amor, o nascimento de um filho, uma declaração ao amigo.  E mais desabafos, angústias, mais declarações. Uma vida.

Os anos em que mora na mesma cidade, o fascínio pelo mar. Tudo. O que importa da vida não é isso? Inspirador, misterioso e também um pouco frio. Descobrir o mês de aniversário, que é o mesmo que o seu, apesar dos signos serem diferentes. Descobrir idade, afinidades.

Ouvi uma vez que blog é uma forma de guardar memórias. Gostei. E a partir dali encarei o meu também dessa maneira. Gosto de pensar que ele é talvez, para além de outras coisas que um blog pode representar e representa, o melhor jeito que tenho de contar a minha história. Não uma história linear e descritiva, mas uma que me permita mais pra frente e a todo momento ler, reler e observar minhas construções e incoerências. Além de todo o resto. Muitas vidas vividas em uma só.

A pergunta que se aproxima agora é o que fazer com tudo isso.

Vi recentemente um filme chamado A Dupla Vida de Veronique. Posso usar de algumas estratégias, começar por algum assunto em comum, mas de um jeito ou de outro não tenho nenhuma garantia que essa conversa entre mim e o autor do tal blog renda outras conversas. Talvez por isso mesmo eu tenha lembrado do filme. E se?

O tudo isso a que me refiro ali em cima é meu. É a única certeza. Pode vir a ser compartilhado no blog. O meu. Para virar uma memória minha. Inventiva, curiosa.

Algumas coisas que escrevo, invento. Ou seria: algumas coisas que invento, escrevo?
E pode ser que dessa vez, eu tente escrever/inventar de outro jeito.