sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ontem foi um dia histórico. Votação acirrada.
Não vou falar que o amor venceu o ódio, porque não venceu.
O ódio continua na fala das pessoas na rua e nas redes sociais.
O caminho é longo, mas seguimos juntos. Discutindo, dialogando, nas ruas, nas escolas, universidades, grupos de amigos, no facebook.
Não vou falar hoje de política partidária, apesar de importante, gosto mais das micropolíticas, da política do cotidiano.
O que mais me indigna? Difícil. Me indigna injustiça, todas. Contra gays, pobres, pretos, contra o Nordeste. Esta saída do armário recentemente, pelo menos com a força que tenho visto.
Triste tanto ódio e preconceito. Mas prefiro vê-los a não vê-los. Saiam todos do armário!
Esses microfascismos cotidianos. Horrivelmente iguais a todos os outros.
Ma(i)s fáceis de esconder. Saiam todos do armário. Que quero apontar e dizer que são iguais a todos os outros. Não há diferença entre o seu de hoje, de ontem, contra gays, pretos, pobres e nordestinos, dos do século XX, logo ali atrás. Tão presentes.
Dia histórico pra mim. Pela chuva real e tão simbólica, pega de surpresa. Na rua.
Pela Angela Davis vista no Cinema da Uff, depois de tantos anos.
Teria sido morta. Acusada de três crimes. Manipulados por um Estado assassino que mata preto e pobre com uma facilidade assustadora.
Como o nosso. Lá teria sido com a pena de morte, aqui, na favela, na rua. Todos os dias.
Libertem Angela Davis e todos os presos políticos, Libertem Rafael Braga Vieira.
Ambos presos políticos e pretos. Ambos inocentes.
Manifestações nas ruas.

Ele pobre. CONDENADO.



27/10/14

30 num piscar..

Nada que eu diga resume o que a gente viveu nesses 30 anos.
E nada que eu imagine reflete o que a gente ainda vai viver.
É fácil adivinhar que já choramos e rimos juntas. 
Que dividimos preocupaçõs, segredos, o quarto.
Que passamos por momentos parecidos em épocas diferentes e
momentos completamente outros ao mesmo tempo.
Uma dificuldade enorme e como resposta, uma leveza que eu não sabia ser possível.
Somos irmãs.
Imensamente diferentes, mas tão imensamente iguais.
Não lembro da minha vida sem você - porque ela nunca existiu.
Sorte a minha ter você do meu lado, compartilhando amor.
Sempre.



13/08/14

Duas pessoas se conheceram no ônibus. Passaram a viagem toda conversando. Parecia que se conheciam há anos. Falaram dos amores, trocaram conselhos, confidências. Riram das dificuldades e compartilharam alegrias. Trocaram telefones e combinaram data para se ligarem. 

Uma de uns 60 anos, e a outra de uns 20 e poucos que tinha uma bebezinha linda no colo - quietinha, com um laço vermelho na cabeça, olhos serenos e dedinhos que vez ou outra procuravam as mãos da mãe.

Diferentes, mas igualmente corajosas. 

Torço para que sejam amigas. Torço para que continuem a se encontrar pela vida, por novos caminhos.




10/06/14