sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Moro num prédio em que não vejo a rua.
Morei 20 anos num outro prédio que era só colocar a cara na janela, e já via pessoas, e se fizesse alguma força, conseguia quem sabe, observar a história delas. Pelo corte de cabelo, pelos sapatos, pelo jeito de andar, de vestir.
E ainda tinha um morro todo verde bem em frente, que eu adorava olhar quando chovia. Sentava no braço do sofá e olhava. Horas.
Nesse não é possível.
Mas vejo a sombra dos carros passando no reflexo de algumas janelas. Também sinto o vento que vem da praia, além das primeiras brisas que anunciam o verão.
Sinto cheiro de verão. Adoro.
Traz uma sensação boa, mas completamente misturada, nostálgica.
É a preparação pra uma nova estação, quem sabe, leve e alegre.
Essa sensação, eu deixo no lugar dela.
No lugar de um mistério que também parece se anunciar, mas que não faço ainda ideia de onde virá.
E o melhor, e o mais raro, e o mais gostoso é que não tenho pretensão nenhuma de saber - quando se anuncia pra mim o verão.
Raro por ser uma sensação que não me causa ansiedade.
Só esperança.
E calma e uma alegria leve, que anuncia ventos novos.
Olho o reflexo dos carros, sinto a brisa e vejo pessoas e histórias dentro de outras janelas.
Gosto.
10/11/11

Um comentário:

Caroline Tavares disse...

Que lindo!
Parece com desapegar do que tinha antes para poder gostar do que há agora. Não é conformismo nem adaptação, é desapego e abertura!!
Beijos