terça-feira, 23 de dezembro de 2014

De longe não seria nada
De longe não era
Mas perto ficava mais perto
E de perto até que podia

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ontem foi um dia histórico. Votação acirrada.
Não vou falar que o amor venceu o ódio, porque não venceu.
O ódio continua na fala das pessoas na rua e nas redes sociais.
O caminho é longo, mas seguimos juntos. Discutindo, dialogando, nas ruas, nas escolas, universidades, grupos de amigos, no facebook.
Não vou falar hoje de política partidária, apesar de importante, gosto mais das micropolíticas, da política do cotidiano.
O que mais me indigna? Difícil. Me indigna injustiça, todas. Contra gays, pobres, pretos, contra o Nordeste. Esta saída do armário recentemente, pelo menos com a força que tenho visto.
Triste tanto ódio e preconceito. Mas prefiro vê-los a não vê-los. Saiam todos do armário!
Esses microfascismos cotidianos. Horrivelmente iguais a todos os outros.
Ma(i)s fáceis de esconder. Saiam todos do armário. Que quero apontar e dizer que são iguais a todos os outros. Não há diferença entre o seu de hoje, de ontem, contra gays, pretos, pobres e nordestinos, dos do século XX, logo ali atrás. Tão presentes.
Dia histórico pra mim. Pela chuva real e tão simbólica, pega de surpresa. Na rua.
Pela Angela Davis vista no Cinema da Uff, depois de tantos anos.
Teria sido morta. Acusada de três crimes. Manipulados por um Estado assassino que mata preto e pobre com uma facilidade assustadora.
Como o nosso. Lá teria sido com a pena de morte, aqui, na favela, na rua. Todos os dias.
Libertem Angela Davis e todos os presos políticos, Libertem Rafael Braga Vieira.
Ambos presos políticos e pretos. Ambos inocentes.
Manifestações nas ruas.

Ele pobre. CONDENADO.



27/10/14

30 num piscar..

Nada que eu diga resume o que a gente viveu nesses 30 anos.
E nada que eu imagine reflete o que a gente ainda vai viver.
É fácil adivinhar que já choramos e rimos juntas. 
Que dividimos preocupaçõs, segredos, o quarto.
Que passamos por momentos parecidos em épocas diferentes e
momentos completamente outros ao mesmo tempo.
Uma dificuldade enorme e como resposta, uma leveza que eu não sabia ser possível.
Somos irmãs.
Imensamente diferentes, mas tão imensamente iguais.
Não lembro da minha vida sem você - porque ela nunca existiu.
Sorte a minha ter você do meu lado, compartilhando amor.
Sempre.



13/08/14

Duas pessoas se conheceram no ônibus. Passaram a viagem toda conversando. Parecia que se conheciam há anos. Falaram dos amores, trocaram conselhos, confidências. Riram das dificuldades e compartilharam alegrias. Trocaram telefones e combinaram data para se ligarem. 

Uma de uns 60 anos, e a outra de uns 20 e poucos que tinha uma bebezinha linda no colo - quietinha, com um laço vermelho na cabeça, olhos serenos e dedinhos que vez ou outra procuravam as mãos da mãe.

Diferentes, mas igualmente corajosas. 

Torço para que sejam amigas. Torço para que continuem a se encontrar pela vida, por novos caminhos.




10/06/14

sábado, 12 de julho de 2014

Paro num blog e penso. Como é possível descobrir tantas coisas de uma pessoa, sem que ela saiba. É mesmo uma afirmação. O início do amor, o nascimento de um filho, uma declaração ao amigo.  E mais desabafos, angústias, mais declarações. Uma vida.

Os anos em que mora na mesma cidade, o fascínio pelo mar. Tudo. O que importa da vida não é isso? Inspirador, misterioso e também um pouco frio. Descobrir o mês de aniversário, que é o mesmo que o seu, apesar dos signos serem diferentes. Descobrir idade, afinidades.

Ouvi uma vez que blog é uma forma de guardar memórias. Gostei. E a partir dali encarei o meu também dessa maneira. Gosto de pensar que ele é talvez, para além de outras coisas que um blog pode representar e representa, o melhor jeito que tenho de contar a minha história. Não uma história linear e descritiva, mas uma que me permita mais pra frente e a todo momento ler, reler e observar minhas construções e incoerências. Além de todo o resto. Muitas vidas vividas em uma só.

A pergunta que se aproxima agora é o que fazer com tudo isso.

Vi recentemente um filme chamado A Dupla Vida de Veronique. Posso usar de algumas estratégias, começar por algum assunto em comum, mas de um jeito ou de outro não tenho nenhuma garantia que essa conversa entre mim e o autor do tal blog renda outras conversas. Talvez por isso mesmo eu tenha lembrado do filme. E se?

O tudo isso a que me refiro ali em cima é meu. É a única certeza. Pode vir a ser compartilhado no blog. O meu. Para virar uma memória minha. Inventiva, curiosa.

Algumas coisas que escrevo, invento. Ou seria: algumas coisas que invento, escrevo?
E pode ser que dessa vez, eu tente escrever/inventar de outro jeito. 

domingo, 25 de maio de 2014

Estou muda. Sensações do corpo/alma que palavras não dão conta.
Entendi há pouco que nada tem a ver com a falta de inspiração. (Im)posto isso, pega-se o caderno, é inevitável.

Mesmo que pela inspiração, palavras são códigos para o uso da razão nossa de cada dia. Mas as sensações das quais agora falo nada têm a ver com ela. Constatação recorrente esta.
Estou a repetir o mesmo de formas diferentes. Ando em círculos?
Vo(o)u em espiral. Mais sábio, talvez. Sabedoria sem razão esta.

Voos diferentes, sensações outras, pensamentos nulos. Inspirar ex-pirar.
Inspirar tem doído, o expirar é alívio.
Liberdade boa essa. Brincar com as palavras.
Palavras poderiam ser usadas para extravasar as sensações não ditas,
porque o indizível existe para quem sabe olhar. E olhar também se aprende.
O caminho final não seguiu a trilha original. O equilíbrio de um segundo vira dúvida, espera.
Tenho procurado sentido para a morte. No fundo – ou no lugar que se guarda a incompreensão – é isso.
A espera suspensa no ar não traz resposta além da sensação de espera, que é vazia.

Então fico entre a espera e a inspir(ação)
                                            expir(ação)

Despir a ação deve ser igual a esperar a espera, para que ela traga alguma esperança.

                                                                                        (que é sorriso ao final da espera)