sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Houve um tempo em que o que se tinha era bastante.
De muito, não se precisava, na verdade, quase nada.

Houve sim um tempo de desassossego.
Desassossego morno esse, quase tranqüilo.

Houve ainda um tempo de lembranças fartas das noites estreladas,
Ventania fria que passa ligeira,
Grito repetido de onda a bater em pedra sem cessar.

O hoje é fragmento de tempo.
Pedaço que se desprende de passado e futuro.
Como se desprendem de pai e mãe, meninos criados.

O hoje em qualquer tempo é tentativa bruta,
Que se procura colocar no vazio de alguns silêncios.



Juliana Veiga
03/12/08



"Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.

Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.

Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noite em que, ainda criança, li pela primeira vez numa selecta o passo célebre de Vieira sobre o rei Salomão. «Fabricou Salomão um palácio...» E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso: depois rompi em lágrimas, felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquele movimento hierático da nossa clara língua majestosa, aquele exprimir das ideias nas palavras inevitáveis, correr de água porque há declive, aquele assombro vocálico em que os sons são cores ideais - tudo isso me toldou de instinto como uma grande emoção política. E, disse, chorei: hoje, relembrando, ainda choro. Não é - não - a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica. "
Livro do Desassossego, Fernando Pessoa

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

"deslize na superfície".. ou..

Gosto das águas profundas. Da natureza que não se mostra completa, porque não está nem é. É ali - ou nessa lonjura - que acho os sentidos. Mas o profundo, o distante, o incompleto é o que me sobra de próximo, concreto, de possível.

domingo, 16 de novembro de 2008

Incrível como uma conversa pode desanuviar dúvidas homéricas..
Clarear o breu que já se sabia, mas não se sabia como..

Incrível o poder de uma conversa num momento preciso..
De decisão..

Mais incrível a capacidade de um amigo te fazer virar o jogo no segundo tempo de um dia parcialmente nublado.. (depois de você já ter tentando o dia inteiro)
Virar o jogo..
Ter o domínio da bola, mas só até o próximo abismo..

E rir..
E viver..
E gostar..


Gracias, chica! Hasta!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A descoberta do mundo

"fora das horas em que escrevo,
não sei absolutamente escrever.
será que escrever não é um ofício?
não há aprendizagem, então?
o que é?
só me considerarei escritora no dia
em que eu disser: sei como se escreve."


"o que eu sinto eu não ajo.
o que ajo não penso. o que penso não sinto.
do que sei sou ignorante. do que sinto não ignoro.
não me entendo e ajo como se me entendesse."



C.L

domingo, 10 de agosto de 2008

Aos 24..

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.." Álvaro de Campos



Foram anos tentando construir uma coerência que eu achava que devia ter. Anos tentando saber quem eu era e pra quê eu era. Anos procurando respostas pro que eu não sabia. Anos de uma busca que eu achava que teria fim um dia.
Engano. Algumas respostas não existem – constatação libertadora essa! E a busca é uma incoerência só.

Hoje, à beira dos 24, passeio entre verdades que já não me servem mais, extremos que me são necessários, mudanças infinitas e inevitáveis.
Desconstruo as certezas do que sou para ter a possibilidade de ser outra amanhã. E isso é tudo.



27/04/08 e 9/08/08
Não seria difícil supor que ele a amava. Estava em seu rosto. No olhar que se amiudava quando sorria. Nos gestos cada vez mais freqüentes e nas palavras cada vez menos contidas.
Ela também. E não saberia dizer quando havia começado. Nem como ou onde. Por que havia se apaixonado ela não saberia responder.
Ambos sabiam, mas de alguma maneira ambos tinham dúvida. Às vezes do próprio sentimento e às vezes do outro. Sabiam em silêncio.
Talvez por precisarem comprovar a cada instante aquilo que sentiam. E isso não era orgulho.
Tinham tido até ali, alguns bons momentos – apesar do pouco tempo.
Viagens, – que para ele eram a melhor forma de demonstrar afeto – conversas – que para ela eram a melhor forma de demonstrar intimidade – e música que era consenso entre os dois.
Mesmo assim, ela não saberia o que dizer sobre o grau de afinidade entre eles e ele talvez nunca tivesse pensado nisso.
O certo é que tinham sim afinidades. Apenas algumas poucas diferenças causadoras de brigas sérias. E um mar com todo o resto.
Resto não era uma palavra que ele gostasse. Mas resto aqui era o entorno. O que ia além das afinidades e diferenças. E o que era?
Isso também não saberiam dizer.
Será que era possível descobrir o que os unia além das afinidades e diferenças? Será que não era pouco tempo pra saber? Será que era de fato importante?
O que tinham era uma alegria que não cabia, uma saudade que gritava calada. Se bem que a saudade – mesmo sem saber quantificá-la – essa eles sabiam dizer.
Ela era ávida em conhecer tudo o que pudesse dele. Ele já o fazia sem pressa. Tinha um ritmo próprio de lidar com as coisas. Lento.
Ela se irritava no início, mas depois achava graça. Aprendeu a lidar com outro ritmo que não o seu, com outra maneira de enxergar o mundo que não a sua. E gostou.
Esse gostar comum fazia com que continuassem. Já não era mais pra saber até onde se podia chegar. Era um gostar carregado de sentido, mas que também se permitia não ter sentido algum.
Talvez a dúvida fosse timidez. Dele. Não que ela não fosse. Era. Mas sua timidez já não a impedia de certas coisas. Já havia se livrado desses mecanismos. Ou criado outros.
Ela entendia os momentos de pausa. Sabia reconhecê-los. Eles não a assustavam mais.
Sabia que gostava, apesar desses momentos em que era mais fácil acreditar no contrário. Duvidar.
Era a certeza que queriam. Uma certeza que se queria eterna. Mas isso nem ela nem ele teriam. Só no fim. E quando seria, como seria, onde seria? Antes teriam que se deixar dizer eu te amo.
Mas ele, ele sempre fora menos decidido que ela.


22/07/08

terça-feira, 22 de julho de 2008

Velharia..

(estava eu aqui remexendo em escritos antigos e achei esse. que alma atormentada.. eu costumo dizer que a tendência é melhorar. comprovado.)



Saber que somos eternos, que o mundo é cheio de mistério,
que o destino e o livre arbítrio caminham juntos, não é de todo
suficiente para assegurar boas expectativas. A vida é muito mais
que isso e muito mais simples. Mas o perceber e o desfrutar desta
realidade depende de um pilar mais importante, a confiança. Por
sua vez, é ela que estimula a criatividade e provoca na gente o
desejo de ousar, levar adiante projetos secretos. E só quando ela
é alcançada, conseguimos provar de fato o sentido da liberdade.

Juliana Veiga
1/06/03



“Contemplar a própria vida sob o aspecto do eterno talvez possa
ser considerado um respeitável êxito moral ou intelectual, mas não
proporciona necessariamente paz e tranqüilidade mental.”

Jostein Gaarder
Livro: Maya ; pág 37


terça-feira, 8 de julho de 2008

Caminhos infinitos pelo caminho

Infinitas casas pelo caminho, infinitas gentes
Arrepios infinitos,
surpresas

Um infinito de chaves que se perdem e se acham
Um infinito de lares, lugares

E fico por aí
Nas lembranças.
Pelos caminhos de alguns

me deixo também nos caminhos de outros,
feliz

mas tem um lugar q não deixo
primeira casa,
morada para a qual se volta
depois de um dia, depois de um mês
depois de anos, sempre,
casa de mãe!


(pra minha mãe, é claro!)

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Enquanto espero o guaraná fazer efeito..

Queria escrever sobre a saudade.
Sobre a saudade de agora.
E não sei como.

É uma saudade que quer dizer e não diz.
Dizer tudo de uma só tacada,
Sentir tudo que ainda não se sabe o quê.
Vontade doida de entender o que há pra ser compreendido.
Mesmo sabendo que isso é nunca.

Saudade do que só volta em pensamento.
Saudade do que ainda não veio.
Saudade por não ser igual ao que foi ontem.
Saudade por nunca ter sido.
Saudade por saber que um dia acaba.

Uma saudade que não sei dar nome.


2/07/08

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Um beijo roubado, de Wong Kar Wai

despedidas.
encontros.
reencontros.
tempo.
confiança.
vícios.
escolhas.
amor (ou chance para que ele aconteça).

" 'Adeus' nem sempre significa o fim".

sexta-feira, 6 de junho de 2008

No Iacs..

Bancos de praça costumam me chamar a atenção.
Não são apenas bancos.
São convites à observação do cotidiano - que está ali o tempo todo para ser visto.
Bancos de praça de cidades do interior me deixam especialmente ansiosa.
Me inquieto até o momento de poder estar sozinha naquele lugar.
E ali - e talvez só ali - eu apreendo a cidade, a rotina, as pessoas.

E passo horas.
Ou minutos. Entre um intervalo e outro. Entre uma aula e outra. Entre respirações.
Respiro sensações de bancos de praça, de bancos de faculdade, de bancos de orla, de bancos de parques.

Pequenas doses antropológicas, essenciais ao meu cotidiano.




5/06/08

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Um pensamento de agora..

Busco um equilíbrio, que eu sei, nunca virá completo.

A vida faz questão de não ser completa.

Mas o próprio caminho hoje já me serve muito bem.
Foucault tem me posto em dúvida sobre a existência do acaso.
Não tenho costume de acreditar nele.
Não sei bem porquê, mas até aqui, acreditei na causalidade das coisas.
E sempre me pareceu justo, até Foucault.

Mas tenho colhido frutos diferentes dos que, com frequência, planto.
Posso simplesmente ter trocado as sementes.
Ou posso olhar pra outro lado e acreditar no acaso - que agora começo a achar mais atraente.

Poderia fazer algumas perguntas à Foucault.
Mas a que escolho fazer agora é se amigos são feitos ao acaso.

Ouço por minutos o implacável som do silêncio.
E me permito ficar assim um pouco mais.

Não há resposta.
Esse diálogo não é mais possível.
Apenas interpretações minhas sobre a leitura - na cabeça há semanas.

Mas não existe resposta.

Hoje talvez pense que algumas coisas me acontecem por acaso.
E não sei o 'pra quê'.





Para Helô (pelos 'pra quês' agora virtuais..)
5/05/08
Admiro conversas despretensiosas, pessoas despretensiosas. Que conversam desprendidamente sobre qualquer assunto, em qualquer lugar, quase com qualquer pessoa.
Gosto.

Gosto de conversas despretensiosas em horário de almoço.
Gosto e não sei repetir.




29/04/08

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Me perdi.
Não sei o momento exato.
O momento preciso não existe.
Não mais. Melhor:
Não acredito nele agora.
Acontece.
Sem que se espere, sem que se perceba.
Acontece, e isso é tudo.

E de repente...
Muda.
As certezas já não são as mesmas.
As dúvidas se dissipam.
A vida volta a ter graça.

É a vida se enchendo de vida de novo...
Não esperar.
Não ir além

Evitar a leitura das entrelinhas
Ignorar olhares

Fingir não ansiar pela chegada,
Pelas conversas

Tudo por se querer ir sem tropeços,
Com calma

Mas principalmente
Pela alegria da surpresa

Por se precisar saber
O que vem depois.


2/09/07
"A idiotice é vital para a felicidade. Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins. No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! [...]"


Arnaldo Jabor

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Aff..

Algumas confusões são inevitáveis, então:

www.umsorvetedeflocos.blogspot.com

e não se fala mais nisso!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Aviso aos navegantes 2

Como tudo já foi inventado nessa vida, descobri que uma outra Juliana também tem preferência por sorvete de flocos..
mas a coincidência maior é que ela tb tem um blog com esse nome!

só pra deixar claro que o meu sorvete é SEM ponto! (entre o www e o sorvetedeflocos)
assim, evitamos possíveis confusões!

Att,

domingo, 13 de abril de 2008

Aviso aos navegantes

Às vezes edito. Antes de postar.
Tiro, mudo, acrescento, substituo..

Escrevo nas entrelinhas.
Hoje preciso de algo que não sei dar nome.

E o dia passou assim.

Escolhi Adriana Calconhoto entre os muitos da pilha.

Não encontrei nada, mas parei de precisar.




7/o4/08
"só conhece a morte. morte da esperança". Referência ao suicídio, no filme A Vida dos Outros.

Pertinente..



7/04/08
Penso mais do que qualquer coisa. Amo música, viagens e conversas de bar. Leio pra entender. Leio Clarice pra me entender. Faço terapia. Danço sozinha no escuro. Gosto do escuro. Tenho um sol meu. Amo cheiro de mato molhado, mas sou urbana. Tenho um milhão de idéias, mas morro de preguiça. Adoro o mar. Quero morar na Bahia. Gosto de dormir com barulho de chuva. Só ouço música brasileira. Doces não me apetecem como antes. Adoro suco de abacaxi com hortelã e sorvete de flocos. Amo minha irmã, minha mãe, meu pai, minha família. Detesto melancia. Gosto de prédio antigo e lugares aconchegantes. Adoro varanda. Me cobro incessantemente. Implico com gente que fala demais. Preciso de silêncios.
2/01/08
Ela decidiu ir. Dar uma volta ia ser bom. Queria ficar sozinha e a casa estava cheia. Uma caminhada na praia pra desanuviar. Naquele momento, tudo que ela precisava era não ter compromisso com a vida.
A companhia era o fone de ouvido. Música ia ajudá-la a não pensar em nada, ou pelo menos ia evitar que ela prendesse, na cabeça, pensamentos teimosos.
Logo veio “Lembra se puder, se não der esqueça, de algum jeito vai passar”. Aumentou, mesmo com a probabilidade de ficar surda mais cedo. Não importava. Música alta era seu vício mais constante. Antes que pudesse refletir sobre o significado que aquela música lhe remetia, outra: “É preciso saber viver”.
Ela achou um pouco de graça. É incrível a imaginação das pessoas, principalmente nessas horas em que qualquer coisa que acontece parece estar sincronicamente ligado ao momento presente.
De repente, uma vontade enorme de ter uma filha pra chamar de Marina. Pra cantar “Não pinte esse rosto que eu gosto e é só seu, Marina você já é bonita com o quê Deus lhe deu”.
Ela agora prestava atenção no que estava em volta. No calor amenizado pela brisa. Nos meninos de bicicleta. Mas a paz do momento deu lugar a uma desconfiança leve provocada por esses mesmos meninos. O botão de alerta foi ligado e a sensação de que algo sairia dos eixos, tomou conta.
Ela então decidiu voltar e sentar num banco à sombra. O ângulo da árvore que encobria o banco lembrava uma foto tirada em Ouro Preto. A lembrança trouxe de volta uma certa tranqüilidade.
E os mesmos meninos no mar, nas pedras – tensões cotidianas da cidade grande. Era hora de voltar. Outros compromissos, senão o encontro com ela mesma naquela tarde, a esperavam.
O turbilhão de pensamentos precedidos ao passeio, já não tinham a força de antes. O que havia para ser resolvido certamente ainda estava ali. Um passeio pela orla ao sol da tarde não faz desaparecer incômodos, tão pouco esclarece dúvidas. Mas tem uma capacidade quase mágica de desacelerar a vida por instantes. Existe nesses caros momentos, algo de divino, que comove. Ela sabia bem.
O reencontro com o movimento das coisas teve de ser encarado. Logo, ela também estaria encarando a vida, com a mesma atenção. Era inerente, quase inevitável. Isso era ela.
Mas antes, se apressou para tomar um sorvete.
21/03/08

Sorvete de Flocos

Ano passado, em meio ao meu inferno astral, tive vontade de fazer um blog. Pensei até em nomes. Alguns eram bons, mas desisti de todos. Passou.

Hoje, pegando carona em palavras alheias – e tão minhas – volto a pensar naqueles nomes. Crio outros. Pra desistir depois. Não quero um blog que me obrigue a racionalizar o que escrevo. Fiz com os nomes. Não quero mais.

Pode ser que eu não acredite em inferno astral, pode ser que eu nem acredite em inferno. Não, não acredito em infernos, tão pouco em céu.

Mas acredito no poder de um sorvete de flocos numa tarde cinza. Ou era pistache? Era pistache. Mas não importa:

Sorvete de Flocos.




3/04/08